quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Apreendeu o animal. E agora, quem fica com ele?

A falta de estrutura do poder público para receber e dar um primeiro atendimento adequado aos animais apreendidos com traficantes ou em cativeiro doméstico irregular ocorre por todo o país. Esse descaso, aliado à falta de informação dos próprios agentes públicos, cria situações como a ocorrida em Caxias (MA):

“Uma equipe da Força Tática apreendeu neste sábado (22) 9 aves silvestres que estavam à venda na feira conhecida como "Troca-Trca", ao lado do Mercado Central em Caxias (MA). Esta foi a maior apreensão do tipo realizada nos últimos doze meses. Os proprietários dos animais fugiram no momento em que os policiais faziam a fiscalização de rotina no local, portanto ninguém foi preso.

(...) Após apreendidas as aves foram levadas para o Plantão Central de Policia Civil, onde os plantonistas se negaram a receber os animais, provavelmente por que não havia condições de mantê-los no local.

Após a apreensão, deixados em um corredor
Foto: Mano Santos

Diante da recusa, os homens da FT levaram as aves para o Quartel do 2 BPM. De acordo com o subtenente Hilton, que recebeu a ocorrência, ele informaria o fato para o Comandante Jurandy Braga e consequentemente para o secretário de Meio Ambiente do Município, para que providenciassem a soltura dos passarinhos.”
– texto da matéria “Polícia apreende aves silvestres”, publicado em 24 de fevereiro de 2014 site Portal o Dia

Grande parte das mortes de animais silvestres vítimas do tráfico se dá nas primeiras horas após a apreensão. Os bichos estão estressados, com sistema imunológico fraco, desidratados, mal alimentados e, muitas vezes, machucados. Por tudo isso, o poder público deveria ter estrutura para dar atendimento emergencial aos apreendidos – afinal, é comum ocorrer esse tipo de ocorrência nas feiras nordestinas.

Mas o que aconteceu? Os animais ficaram sendo levados de um lado para outro, provavelmente sem nenhuma assistência.

Outro absurdo, talvez o maior, é a falta de informação desses policiais. Primeiro porque eles deveriam acionar o órgão ambiental (Ibama ou Secretaria de Estado do Meio Ambiente, que são responsáveis pela gestão de fauna) para receber esses animais. Depois, porque já afirma-se a realização da soltura.

Para que as aves sejam devolvidas à natureza, elas necessariamente têm de ser examinadas por um profissional capacitado, biólogo ou veterinário. Somente com o aval deles e identificada a área de origem (foram capturados) é possível devolvê-los à vida livre. Caso isso não seja feito, há riscos para os bichos soltos e para o ecossistema que os recebem.

Será que em Caxias havia algum profissional para tal atendimento? Melhor: será que na região há algum centro de tiragem de animais silvestres (Cetas)?

Complicado? Sim. Mas se ninguém exigir que o correto seja feito, o poder público nunca o fará. Afinal, fauna silvestre não é prioridade.

- Leia a matéria completa do Portal o Dia

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