segunda-feira, 22 de julho de 2013

Tráfico de animais: os depósitos das feiras

O aumento da fiscalização das feiras por órgãos ambientais e pela polícia tem obrigado os traficantes de fauna a mudar sua estratégia de comércio no varejo. O risco de apreensões frequentes nos mercados populares de rua fez com que a venda direta ao consumidor final passasse a ser realizada nos próprios depósitos. O bicho não fica mais exposto na feira, mas é oferecido verbalmente aos interessados. Para o presidente da ONG SOS Fauna, Marcelo Pavlenco Rocha, que combate o tráfico de fauna desde 1989, os depósitos já estão vendendo mais que as feiras.

Há dois tipos de depósitos: os que recebem os animais das regiões de captura e apanha para enviá-los às áreas de consumo final e os depósitos que abastecem o varejo, instalados inclusive perto de feiras. Esse último tipo é o que estaria atuando como o elo final na cadeia do comércio ilícito de fauna.

Feira de animais em Feira de Santana (BA)
Foto: F. Schunck

“O número de animais apreendidos vem diminuindo a cada ação de fiscalização em feiras. Uma das razões disso certamente são os depósitos próximos às feiras, de forma que os traficantes não precisam se expor à ação da fiscalização, uma vez que não precisam levar animais em quantidade para o local onde ocorre a negociação. A redução das apreensões em feiras não indica uma redução no tráfico de animais na Paraíba”, afirma o coordenador de fiscalização da Superintendência do Ibama no estado, Jaime Pereira da Costa.

O mesmo fenômeno é constatado pelo subcomandante da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (COPPA) da PM baiana, capitão Moisés Brandão Carvalho. “O infrator só vai buscar o animal após a venda”, afirma.

Esses depósitos nada mais são que residências onde, muitas vezes, o próprio traficante vive, fato que dificulta o trabalho de fiscalização. Segundo o cabo Jackson Douglas do Nascimento Silva, do Batalhão de Polícia Ambiental da Paraíba, ao serem flagrados com grande quantidade de animais os proprietários dos imóveis alegam que os criam como bichos de estimação, jamais para o comércio.

Um caso
“A Polícia Ambiental do Batalhão da Polícia Militar (39º BPM) apreendeu 76 animais silvestres em Belford Roxo, na baixada. Segundo denúncias, o proprietário José Marinho Filho, de 46 anos, seria o maior traficante de animais silvestres em Belford Roxo e também um dos abastecedores de animais ilegais para feiras de Areia Branca e de Duque de Caxias, na baixada. Entre os bichos estavam: gaviões, tartarugas e pássaros em extinção.

Gaviões apreendidos em Belford Roxo
Foto: Divulgação PM Ambiental

Os animais estavam presos em viveiros em uma casa que fica na rua Sírio, no bairro Babi. Na operação, os policiais apreenderam: duas espingardas calíbre 28; duas armas de fabricação artesanal; oito cartuchos; vários equipamentos para caça ilegal; sete papagaios; 20 pássaros ameaçados de extinção; cinco gaviões; oito patos silvestres (ameaçados de extinção);  21 tartarugas; uma coruja; oito lagartos; duas capivaras; quatro micos.”
– texto da matéria “Mais de 70 animais silvestres são apreendidos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense”, publicado em 20 de julho de 2013 pelo portal R7

- Leia a matéria completa do portal R7
- Leia "Tráfico no varejo", publicada na edição de julho de 2013 da revista Terra da Gente

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